Escola Juliano Netto recebe o espetáculo “O Circo da Miséria”

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No "Circo da Miséria", Magrólhos, um errante, como um mambembe por ruas e praças, arma seu circo diário por sobrevivência diante do desrespeitável público passante.

O Circo da Miséria será apresentado no dia 25 de abril

O cotidiano feito de sonhos e invisibilidade, vivenciado pelas pessoas em situação de rua, é o mote das apresentações do “Circo da Miséria: o maior desespetáculo da Terra”, do artista Jeff Vasques, projeto que circula pelo interior do estado de São Paulo com o apoio do edital PROAC do governo do estado de São Paulo. Em São Carlos, o desespetáculo será realizado em parceria com a escola José Juliano Neto.

O “Cerco da Miséria”

A enorme desigualdade presente no Brasil, com seu alarmante número de pessoas em situação de rua (111 mil, segundo IBGE), está no eixo motivador desse “desespetáculo”. O desemprego, a falta de moradia e de acesso a serviços de educação e saúde de qualidade são causas centrais que levam as pessoas para a rua. Ali, são falsamente rotulados de violentos, preguiçosos, imorais, o que faz com que os passantes hajam com indiferença ou violência: a cada hora, duas pessoas em situação de rua são violentadas e, a cada dois dias, uma é morta, segundo dados do Ministério da Saúde. Agora, durante a pandemia, é o segmento da população brasileira mais vulnerável ao vírus, já que não tem como se manterem em isolamento, nem acesso a condições mínimas de higiene.

A arte e a educação, apesar de sozinhas não serem suficientes para a superação da miséria, ajudam a reverter a indiferença dos que passam e fingem não ver, nos colocando no lugar do outro, nos comovendo e provocando para uma ação coletiva transformadora. É um pouco do que se pretende com este desespetáculo:  romper o atual cerco e nos fazer mais circo!

O “Circo da Miséria”

No “Circo da Miséria”, Magrólhos, um errante, como um mambembe por ruas e praças, arma seu circo diário por sobrevivência diante do desrespeitável público passante.  A partir dos restos da humanidade, do lixo, cria maravilhas em busca de um simples olhar ou de um trocado, fazendo-se dançarino, malabarista, acróbata, mágico, e o que mais for necessário para domar seus leões, para se fazer um pouco mais visível e humano. Ora provocando risos, ora comovendo, Magrólhos seduz os espectadores com sua imaginação a adentrarem o maior desespetáculo da Terra e romperem o cerco que os imobiliza, convidando-os a ver essa dura realidade, a compartilharem indignação e solidariedade.

          Construído a partir de oficinas artísticas com a população em situação de rua, em 2015, suas histórias, lutas e olhares dirigem o Circo da Miséria. A ideia inicial, segundo o artista, era montar a apresentação com os participantes da oficina, mas devido a sua alta rotatividade, percebeu que o caminho seria ele mesmo atuar. A utilização da linguagem do palhaço vagabundo foi decorrência natural da temática. Esse tipo de palhaço, que vive em situação de rua (como Carlitos, de Charles Chaplin; Chaves, do seriado mexicano) usa da criatividade e de todo seu “jeitinho esperto” para garantir sua sobrevivência, nos lembrando que por trás das roupas surradas há um ser humano como qualquer outro.

A apresentação é sempre seguida de um bate-papo para desfazer preconceitos sobre o povo da rua e, também, faz parte do projeto, a realização da oficina “A miséria e o palhaço vagabundo”, para debater a origem e função desse tipo de palhaço. O projeto já passou por diversas cidades do estado e segue “rodando” ainda virtualmente até o meio de dezembro.

FOTOS: Natasha Mota

SERVIÇO
Espetáculo de circo: O CIRCO DA MISÉRIA
Data: 25/04/2024
Local: Escola JOSÉ JULIANO NETO PROFESSOR – RUA MAJOR JOSÈ INACIO, 3681 – Bairro: VILA FARIA
Horário do espetáculo: 14h35
Gratuito

FICHA TÉCNICA
Duração: 50 minutos
Classificação: Livre
Criação e atuação: Jeff Vasques (palhaço Magrólhos)
Orientação cênica: Luciane Olendski; Sérgio Carozzi
Assistente de direção: Taiane Raffa
Figurino: Consuello Matroni e Jeff Vasques
Fotos: Natasha Mota
Produção: Cristiane Taguchi
Design Gráfico: Denis Forigo

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