A COVID leva mais um homem bom, um personagem central da minha infância

Sempre gentil e bom!

Eu já tive muitas perdas para a COVID-19. Muitos amigos já partiram desta vida por causa desse maldito vírus e hoje tive uma notícia devastadora. Fiquei sabendo que o Seu Antenor Piedade, marido da professora Toninha, pai do meu querido amigo Cristian, da Katia e da Quéli também faleceu em função desta doença que está tirando a alegria de vivermos fraternalmente.

Estudei com o Cristian por anos no João Jorge Marmorato e conheci o Seu Antenor através dele. Sem medo errar, posso dizer que ele era um homem correto, gentil, de poucas palavras, mas bastante sábio. Lembro que quando ganhei um tabuleiro de xadrez o levava na casa do Cristian, nós jogávamos animadas partidas sempre com o Seu Antenor dando um trabalho danado para ser derrotado. Por vezes, ele nos vencia e sempre sorria timidamente.

O Seu Antenor era uma figura do bem, quantas vezes sentei debaixo da árvore em frente de sua casa ali no Castelo Branco e ficamos ouvindo vários conselhos sobre a vida que ele nos dava, não? Saudade destes tempos.

Eu e o Cristian costumávamos andar bastante de bicicleta por aí e normalmente íamos na região do distrito industrial Miguel Abdelnur olhar os desmanches e materiais descartados. Notadamente, sempre encontrávamos algo que poderíamos aproveitar em pequenos consertos e o Seu Antenor morria de rir com nossas peripécias buscando material para conserto por onde fôssemos.

Lembro-me de finais de ano quando ele contava histórias para mim, para o Cristian e também para o Alexandre, outro amigo de nossa infância e nesse momento não consigo acreditar que perdemos uma pessoa tão boa e legal.

Esse vírus maldito está mudando a vida das pessoas, destruindo lares, fazendo que com que fiquemos sem nossos queridos, sem nossos exemplos, sem as pessoas que nos foram referências no passado e ainda sou obrigado a ver pessoas que não estão acreditando no momento triste que vivemos.

A partida do Seu Antenor me chocou e entristeceu profundamente na manhã desta terça, 30, sei que meu bairro de infância ficou mais pobre, sei que nossas famílias estão em mais um processo dolorido de luto, parece que não paramos de perder gente querida. Quando isso vai acabar? O que posso dizer neste momento é que necessitamos de vacinas, que precisamos dar um fim nesse governo ineficiente e a você que está lendo essas humildes palavras neste momento, lhe peço: faça sua prevenção, respeite as regas, não podemos mais perder ninguém.

Vai com Deus, Seu Antenor. Da minha parte já fica a saudade de jogar uma partida de xadrez com o senhor. Aquilo foi uma lição para a vida!

Renato Chimirri