Argollo: “o dinheiro que falta na saúde está no bolso dos banqueiros”

O presidente do Sindicato médico do Rio Grande do Sul, Paulo de Argollo Mendes, apontou uma série de fatores que prejudicam a saúde pública no Brasil,  e que não dependem, para sua solução, das autoridades do setor e, muito menos, dos médicos.

Um destes fatores apontados e muito debatido é o chamado ‘rombo da Previdência’: Brasília foi construída com dinheiro da Previdência, assim como a ponte rio-Niterói, Itaipu  e a Transamazônica, dinheiro que o governo sacou e que deveria estar rendendo juros, para pagar a aposentadoria das pessoas depois que estas contribuíram para juntar este dinheiro. “Então realmente há um rombo, causado por sucessivos governos que se apossaram do dinheiro dos trabalhadores”, sustentou Argollo, em entrevista ao Repórter Eloir Pereira (Rádio Sorriso FM/Panambi) e na companha do delegado do Simers, Volnei Santos Malheiros.

Para Argollo, entretanto, o maior problema da saúde pública no Brasil, é o fato que 45% de toda a arrecadação do Governo Federal é destinado a pagar juros de bancos: “praticamente dividimos tudo o que o Brasil arrecada, e metade entregamos para os donos de bancos e, com a outra metade, atendemos as forças armadas, construímos jatos da Suécia, atendemos toda a saúde pública de 208 milhões de pessoas, estradas aeroportos, portos – em um momento vamos ter que refletir sobre isso, dinheiro não é uma coisa que se desmancha no ar, quando ele sai de um bolso entra em outro, o dinheiro que falta na saúde está no bolso dos banqueiros”, ressalta Argollo.

Outro tema debatido foi a má distribuição dos profissionais da saúde, que deixa vastas regiões do País praticamente sem assistência médica. Porto Alegre tem mais médicos, em relação à população, do que países como o Canadá e a Inglaterra e, no entanto, vários municípios do RS não têm nenhum médico.

“A distribuição é absolutamente inadequada”, diz o presidente do Simers, acrescentando que  “temos lutado por uma possibilidade de termos uma carreira estadual de médicos, como têm os juízes e os promotores: um juiz, quando entra na magistratura, ele não escolhe para onde vai, sabe que vai pegar uma comarca distante, mas também, que terá uma carreira, que terá uma progressão”.

O Brasil tem o maior número de faculdades de Medicina do planeta, nem os Estados Unidos, o país mais rico do mundo, tem tantas faculdades de medicina. “Não nos faltam faculdades, não nos faltam médicos, nos falta um projeto série de interiorização destes médicos”, garantiu Argollo.

Colaboração: Jornalista Hugo Schmidt