Agora uma denúncia contra um profissional de saúde e que a Polícia Civil tem que apurar com muito rigor, auxílio psicológico para a denunciante, afinal isso se constitui em situação muito difícil de ser superada e que certamente marcará uma vida para sempre. Outro dia, uma leitora me enviou um relato de que estava fazendo caminhada na Marginal com a sua filha e foi agredida verbalmente por um homem que passou rapidamente de moto e simplesmente falou um monte de “besteiras” à ela e à filha. Recentemente, uma jovem contou que tem medo de voltar sozinha da universidade e que sempre procura regressar em grupo com amigos e amigas, mas que não anda sem companhia porque já foi alvo de “investidas” de homens sem noção por mais de uma vez. Eu, que não tenho lugar de fala nessa situação, apenas relato o que ouço porque sou pai de uma menina que está entrando na adolescência e confesso que tenho muito medo do que está sendo construído nessa sociedade são-carlense. Parece que o respeito às pessoas, sobretudo às mulheres, passou longe.
Não é possível que caminhemos por uma sociedade machista que insiste em tratar as mulheres como meros objetos, pois elas não os são. Mulheres são pessoas que merecem amplo destaque, respeito e oportunidades em nosso meio, aliás é dever dos homens reparar a dívida histórica que existe ao longo dos séculos com as mulheres e posso dizer aqui o que vejo: nota que há um movimento, ainda tímido, na sociedade deste resgate e de se colocar as mulheres no lugar que lhes é devido por mérito e isso tem incomodado demais os machistas de plantão, eles não suportam ver o sucesso delas, ficam a todo momento praguejando nas redes sociais contra o direito inalienável das mulheres serem o que quiserem, onde bem entenderem e acredito que é neste momento que entra o nosso papel de homem companheiro e que também assume a postura de ajudar a proporcionar à elas o papel de protagonistas na sociedade: temos que lutar diuturnamente contra os machistas, contra ideias que acabam com o futuro das mulheres, precisamos diariamente ser defensores de uma sociedade libertária e segura onde a mulher nunca tenha medo de sair de casa.
Infelizmente, isso ainda é sonho, porque em São Carlos e em muitos lugares deste país e do planeta, muitas companheiras tem medo de colocar os pés para fora de casa, pois temem sofrer agressões e sabemos que essa triste realidade realmente pode acontecer. A mulher em São Carlos e em outros locais é agredida o tempo todo, na frente de um monte de homens que sequer tomam partido para lhes defender.
É fundamental que se invista em uma educação alicerçada na compreensão dos direitos das mulheres para que possamos construir um ambiente de igualdade entre todas as pessoas. Não é possível que em 2022 ainda tenhamos gente achando que mulher deve “suportar tudo” que vem dos homens, porque ela não deve, não quer e não vai.
Quem é pai de menina aprende que o universo feminino é complexo, tem suas particularidades e que este local é imenso e muito bonito também. Mulheres são especiais e precisam ser melhor protegidas em São Carlos, pois ultimamente elas não tem paz para andar na rua, para ir à padaria, para procurar um serviço de saúde ou então para simplesmente regressar da faculdade.
A sociedade tem que parar urgentemente de importunar as mulheres, elas precisam viver em paz.
Renato Chimirri
