● Por Glauco Keller Villas Boas
Há alguns anos, em um Xou Vixe, eu recitei o poema “Funeral Blues”, do poeta britânico, W.H. Auden. Na ocasião, recitei-o em inglês, e depois, em português, numa versão do paulistano Nelson Ascher. O Sebá ficou emocionado. Hoje, as palavras do Auden, são exatamente o que sinto.
BLUES FÚNEBRE
Que parem os relógios, cale-se o telefone,
jogue-se ao cão um osso e que não ladre mais,
que emudeça o piano e que o tambor sancione
a vinda do caixão com seu cortejo atrás.
Que os aviões, gemendo acima em alvoroço,
escrevam contra o céu o anúncio: ele morreu.
Que as pombas guardem luto — um laço no pescoço —
e os guardas usem finas luvas cor-de-breu.
Era meu norte, sul, meu leste, oeste, enquanto
viveu, meus dias úteis, meu fim-de-semana,
meu meio-dia, meia-noite, fala e canto;
quem julgue o amor eterno, como eu fiz, se engana.
É hora de apagar estrelas — são molestas —
guardar a lua, desmontar o sol brilhante,
de despejar o mar, jogar fora as florestas,
pois nada mais há de dar certo doravante.
- Pedro Marcelo Batista, o Sebá, professor e mantenedor do Colégio Interativo e criador do Programa Alternativa A, faleceu na última segunda-feira, em decorrência de um câncer. Fará muita falta.
- O autor é professor e apresenta os Programas Alternativa A e Onda Esportiva.
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