Docente da UFSCar lança livro sobre a juventude literária de Machado de Assis

Depois de alguns anos de pesquisa sobre a juventude literária de Machado de Assis, o professor Wilton José Marques, do Departamento de Letras (DL) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), acaba de lançar o livro “Machado de Assis e as primeiras incertezas (A formação literária, o poema inédito e o malogro do primeiro livro)”, pela Editora Alameda.

A ideia da obra nasceu, segundo Marques pontua no prefácio, a partir da (re)descoberta, em março de 2015, de um poema inédito de Machado de Assis – “O grito do Ipiranga” -, datado de 7 de setembro de 1856 e publicado logo em seguida no jornal “Correio Mercantil”. “Evidentemente, tal fato inusitado trouxe consigo várias perguntas. E quase todas levavam ao mesmo lugar histórico da iniciação literária do jovem Machado, ao tempo das primeiras incertezas”, conta Marques, que é Professor Titular de Literatura Brasileira na UFSCar. “Esse momento da vida do escritor – embora contemplado com um clássico de nascença, ‘A juventude literária de Machado de Assis’, de Jean-Michel Massa – não tem sido, desde então, objeto de estudos sistemáticos por parte da crítica machadiana”. 

“O livro se concentrou nos seis primeiros anos da vida literária de Machado de Assis, entre os anos de 1854 e 1860, delimitados pelo intervalo que separa a publicação do primeiro poema no ‘Periódico dos Pobres’ e a sua entrada para a redação do ‘Diário do Rio de Janeiro’, o que, inclusive, permitiu uma visada mais aprofunda sobre o período”, conta o professor na introdução do livro. “Esse momento da vida literária de Machado de Assis, além de pouco estudado, é carente de mais informações. Nesse sentido, o livro apresenta várias novidades, algumas inéditas. Dentre elas, a história do primeiro mestre do jovem Machado, o poeta português Francisco Gonçalves Braga; o fim do mistério biográfico de sua passagem como revisor pelo ‘Correio Mercantil’; a história da primeira ‘tradução’ poética; a leitura do poema inédito; a precoce consciência literária nos primeiros poemas e textos críticos; os diálogos literários com Álvares de Azevedo e a história do malogrado primeiro livro de poemas, ‘O livro dos vinte anos'”, completa.

Sobre o livro

A obra está dividida em três partes: Na primeira – “A formação literária, o mestre português e o voo solo” -, aborda os seis anos iniciais do percurso formativo do jovem autor brasileiro; na segunda – “A primeira ‘tradução’ e o poema inédito” -, discute tanto a possibilidade de a versão do poema “Maria Duplessis”, de Alexandre Dumas Filho, também “traduzido” por Gonçalves Braga, ter sido a primeira “tradução” de Machado de Assis, quanto apresenta a análise do poema inédito “O grito do Ipiranga”. Na terceira parte – “O poeta-crítico, o fantasma de Álvares de Azevedo e o malogro do primeiro livro” -, discute “a precoce preocupação machadiana com o fazer literário, que dava sentido à sua obsessiva busca de aperfeiçoamento intelectual, tanto nos primeiros textos de crítica literária quanto nas análises de quatro metapoemas, que reforçam a persistência de sua então concepção poética de nítido viés romântico. E também sobre o frequente diálogo textual que o jovem Machado travou com a obra literária de Álvares de Azevedo”, inclusive, no caso de seu malogrado primeiro livro de poemas, “O livro dos vinte anos”. 

O livro “Machado de Assis e as primeiras incertezas (A formação literária, o poema inédito e o malogro do primeiro livro)”, pode ser adquirido pelo site da Editora Alameda (https://bit.ly/3aKT1cT).