
Quem despertou? O vírus ou a Humanidade?
Quando o caos bateu às portas, encontrou-as fechadas.
Cada um em seu celular.
Solidão cortejada.
Isolamento?
Já praticávamos muito bem.
Tempos modernos, homem solitário, ilhas particulares.
Estávamos alegremente sós.
Nunca se festejou tanto a individualidade.
Quando o caos bateu às portas e o vírus, como um vampiro, pediu licença para entrar, encontrou a casa aberta, receptiva.
Quem acredita em fake News?
Um vírus da China – que fique por lá! Morreram muitos chineses? E daí?
Uma gripezinha, um patriota enfrenta tal situação como homem.
Quando o caos bateu à porta, estávamos no automático.
Vivendo a vida é redundante e um pouco forte demais. Cabe essa expressão para um autômato preocupado com a economia, mas sem saber se estará vivo para investir?
Quando o caos bateu à porta, encontrou alguns batendo continência para estátua.
E quando percebemos o caos, estávamos irremediavelmente emparedados.
Pelas frestas da janela vimos um mundo feio.
Pelas frestas de nossas portas vimos um modo de vida duvidoso.
Pelas frestas de nós mesmos, fomos obrigados a contemplar o espelho e nos demos conta do tempo perdido.
Quando o caos bateu à porta, contemplamos muito mais que a falência de toda uma estrutura, pudemos perceber que nós falhamos como ser humano.
O vírus despertou, nós despertamos.
Somos poeira ao vento.