São Carlos está mais pobre culturalmente. Perdemos duas pessoas que ajudaram a criar laços e construir memórias afetivas importantes para as pessoas que aqui vivem. A primeira partida foi no dia 21, quando tivemos a triste notícia do falecimento de Pedro Luís Casella, o Seu Pedro. Um homem que amou a sétima arte e fundou o Cine São Carlos no local onde existiu por anos o emblemático Cine Studio I.
Como me lembrou um colega quando me alertou para a triste notícia do falecimento do Seu Pedro “sua coragem em acreditar no Cine São Carlos fez com que o Centro naquela região não morresse”. De certa forma, ele tem razão, o cinema durante o período noturno deixou aquela área viva, com gente, com movimento, com pessoas querendo ver a vida passar, exatamente como num filme sobre o cotidiano que por muitas vezes teve exibição garantida naquelas telas da rua Major José Ignácio.
O cinema ali não deixou que o local se transformasse em algo ermo, ao contrário, foi uma gota de sabedoria e de prosperidade que determinou São Carlos pulsando e viva. Obrigado, Seu Pedro e família!
Ontem, 24, uma triste notícia para iniciar a semana. Partiu o talentoso e artista da imagem, Fernando Antonio Zerbetto. O senhor José Dieguez definiu o trabalho de Zerbetto como se fosse um monge copista: uma pessoa que registrou as gerações de famílias em datas comemorativa por décadas. Um trabalho admirável, muito importante e que hoje parece que está sendo extinto devido às tecnologias implementadas sobretudo nos aparelhos celulares.
Fotógrafos como o senhor Zerbetto faziam com a alma, como ele mesmo disse para a finada revista Kappa em um depoimento para a jornalista Eloíza Strachicini, “em seu tempo se pensava a imagem na cabeça, antes de se executar”. Essa é a maior prova do artista que perdemos, do homem que entendia que fotografar era registrar momentos e também colocar o amor naquilo que se eternizava.
Ainda para a extinta Kappa Zerbetto comentou: “A fotografia é a única que registra o momento, que vira passado e você vê esse momento em todos os momentos”.
Foi isso, a cultura de São Carlos foi muito abalada. Quem não conheceu essas pessoas, infelizmente perdeu a oportunidade de saber um pouco mais sobre a formação e também o desenvolvimento da cidade.
Rendo aqui, neste espaço, homenagem para esses dois homens que propagaram cultura e talento em suas vidas.
Renato Chimirri
Foto: Divulgação e João Moura
