Todo mês de outubro, é comum observar uma quantidade significativa de içás, as fêmeas aladas das formigas saúvas, voando pelos céus de várias cidades, especialmente em regiões do Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Em São Carlos, eles já deram o ar da graça. Esse fenômeno marca o início da revoada dessas formigas, popularmente conhecidas como “tanajuras”, e está diretamente relacionado com a chegada da primavera.
A primavera traz consigo o aumento das temperaturas e das chuvas, criando as condições ideais para a reprodução das saúvas. Com o solo mais úmido, facilitado pelas primeiras chuvas após o período seco, os ninhos das formigas se tornam um ambiente propício para que as formigas aladas, tanto machos quanto fêmeas, saiam em busca de novas colônias. Esse é o momento da “revoada nupcial”, quando os machos e as fêmeas voam em busca de parceiros para acasalar.
A maior parte dos machos morre após o acasalamento, enquanto as fêmeas, que são chamadas de içás, perdem as asas e buscam um local adequado no solo para começar uma nova colônia. Essa movimentação massiva acontece com maior intensidade no mês de outubro, devido às condições climáticas favoráveis, embora possa variar um pouco em função da região e das mudanças no ciclo de chuvas.
Além da importância ecológica, as içás têm relevância cultural em algumas partes do Brasil. Em regiões como o interior de Minas Gerais e do Nordeste, por exemplo, elas são consideradas uma iguaria e fazem parte da culinária local. O içá é colhido por moradores, torrado ou frito e consumido como alimento, sendo apreciado pelo sabor único.
No entanto, a presença das saúvas também pode causar danos à agricultura, já que suas colônias são conhecidas por desfolharem plantas e afetarem as lavouras. A revoada das formigas é, portanto, um momento de atenção para os agricultores, que precisam redobrar os cuidados com as plantações.
Iças: fenômeno cíclico
O aparecimento do içá em outubro, portanto, é um fenômeno natural cíclico, diretamente ligado ao aumento das chuvas e à reprodução das saúvas. O equilíbrio climático dessa época do ano não só possibilita a perpetuação da espécie, mas também gera curiosidade entre as pessoas e impacto em algumas culturas regionais.
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