“ Uma vacina salva duas vidas, ou mais!” Este é o lema do movimento “Lactantes pela Vacina” que está mobilizando mulheres de São Carlos em torno da imunização de gestantes, puérperas e lactantes sem comorbidade entre os grupos prioritários. A mobilização surgiu na Bahia, há pouco mais de 20 dias, e aponta para a importância do aleitamento materno como um vetor de imunização de bebês e crianças, além de ressaltar a importância da proteção urgente de gestantes – com e sem comorbidades – diante do alto número de mortes deste público em todo o país por conta do corona vírus. “A morte de uma mãe sem vacina pode levar junto a vida de um bebê ou impactar uma criança para sempre.”, destaca Jeysi Oliveira.
O movimento, que é apartidário e se organizou na cidade há pouco mais de 10 dias, já conta com a adesão de centenas de mulheres e tem conquistas significativas, como a proposição de um Projeto de Lei (PL) na Câmara Municipal, de autoria da vereadora Raquel Auxiliadora (PT), solicitando que o Executivo Municipal inclua esse grupo entre os prioritários no calendário de vacinação da cidade. “Em Ribeirão Preto, um projeto semelhante, de autoria do vereador André Rodini, foi aprovado na câmara, mostrando a validade e importância dessa questão. Agora é a vez de São Carlos. Na cidade temos cerca de 6.700 mulheres mães recentes, possivelmente em estágio de puerpério e lactação ativa, além de grávidas. Pensa que a vacinação deste grupo vai, então, se multiplicar por dois, por três o raio de imunização… vai salvar a vida das mães e criar uma geração de brasileiros com imunidade ao vírus”, afirma Lívia Rittner, umas das coordenadoras do movimento.
Para a vereadora, o assunto deve ser tratado com urgência pelo legislativo de São Carlos, porque cada dia que passa aumenta o risco dessas mulheres e seus filhos contraírem a COVID 19. . “Semana passada, tivemos o caso de uma bebê de 5 meses que faleceu por conta do vírus, no interior de São Paulo. Aqui, temos mulheres amamentando seus filhos sem saber se mais dia menos dia poderão estar com eles nos braços. É uma questão urgente e de saúde pública, que deve ser tratada como prioridade pela prefeitura. Em especial, quando estamos às portas de uma terceira onda”, destacou a vereadora. Raquel lembrou ainda que a câmara já enviou à prefeitura, na semana passada, um requerimento solicitando a inclusão do grupo.
Cidades como Salvador e Teresina já estão vacinando grávidas, puérperas e lactantes sem comorbidades e em outras partes do país, governos municipais e estaduais já incluíram esse público nos seus calendários. “Precisamos lembrar que a morte de uma mãe afeta toda a família e marca para sempre a vida de seus filhos. Não podemos aceitar que as mães lactantes e grávidas de São Carlos vivam nessa angústia e insegurança. Tenho certeza que todas as mães de São Carlos que amamentam ficarão muito felizes de saber que, além de amor e nutrição, o leite delas vai proteger e salvar a vida de seus filhos contra esse vírus” arrematou Vivian Pimenta.
A aplicação de vacinas com determinadas tecnologias, como a Coronavac (vírus inativado) e Pfizer/Biontec (RNA mensageiro), já se mostrou segura em gestantes, puérperas e lactantes em estudos conduzidos em todo o mundo. No caso da Coronavac, ela usa a mesma tecnologia que outras vacinas, como a da gripe, que é aplicada em todo o país em gestantes e lactantes. No Brasil, também já foi registrado o primeiro caso de bebê que nasceu com imunidade ao vírus depois de sua mãe tomar a vacina durante a gestação.
Suspensão
Parte do problema surgiu após a recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para a suspensão da vacina da Astrazeneca/Oxford em grávidas e puérperas no Brasil, no dia 11 de maio, após a morte de uma gestante no Rio de Janeiro. Pesquisadores e médicos em todo o país, entretanto, criticaram a suspensão completa da vacinação informando que outros imunizantes à disposição no país são seguros para esse público.
Para saber mais sobre o movimento “Lactantes pela Vacina em São Carlos” você pode acessar o instagram @lactantespelavacinasanca.
“… Mães são como água, crescem quando se encontram…” Luisa Saad (mãe, lactante, historiadora e uma das fundadoras do movimento na Bahia.)
