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Um Lobisomem em Santa Eudóxia

Dizem que no distrito de Santa Eudóxia, em São Carlos, acontece de tudo, inclusive lá seria a morada de um lobisomem. Pois é neste pacato pedaço de chão que está a fazenda Arqueduto, um local escondia segredos sombrios entre suas pastagens, matas e casarões antigos.

Henrique, era herdeiro da propriedade, um homem bom, gentil, mas que carregava um fardo terrível, um segredo daqueles: nas noites de lua cheia, o homem calmo se transformava em lobisomem. Para proteger a comunidade e a si mesmo, Henrique tinha um esquema de segurança rigoroso: quando a Lua Cheia apontava no céu, ele se acorrentava a uma cadeira robusta na adega da fazenda, onde ninguém descia, portanto nenhuma pessoa ouviria seus uivos angustiantes.

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Henrique acreditava que as correntes, forjadas em ferro puro, seriam suficientes para contê-lo. No entanto, naquela noite particularmente, algo estava diferente. Não sabemos se as portas do inferno estavam abertas, se o mal ultrapassou fronteiras ou se foi a intensidade da lua cheia, mais brilhante e poderosa do que de costume. Quando a transformação começou, Henrique sentiu uma onda de energia avassaladora percorrer seu corpo. Suas veias pulsaram como se fogo corresse por elas, e seus músculos inchavam com uma força quase insuportável.

Um rugido diabólico e Henrique, agora uma criatura bestial e muito poderosa, puxou as correntes com uma força descomunal. O metal cedeu, se partindo como papel. Liberto, o lobisomem escapou da fazenda, movido por um instinto primitivo e uma sede incontrolável.

A noite estava avançada quando Henrique, já transformado, alcançou a rodovia Abel Terrugi, que ligava Santa Eudóxia ao distrito de Água Vermelha. A estrada deserta e mal iluminada era um cenário perfeito para o horror que estava prestes a tomar conta do lugar. De repente, faróis iluminaram a figura imponente e aterrorizante que Henrique havia se tornado. Um carro vinha em sua direção, sua luz cortando a escuridão como facas. Quem seria?

Dentro do carro, uma família voltava de uma visita ao shopping de São Carlos. O motorista, um homem de meia-idade, conversava com a esposa, enquanto as duas crianças, uma menina e um menino, dormiam no banco de trás. Quando os faróis iluminaram Henrique, o motorista pisou no freio, parando o carro abruptamente, ele derrapou. A mulher soltou um grito, acordando as crianças, que olharam ao redor confusas e amedrontadas. Quem estava ali?

Henrique, guiado por seus instintos animais, avançou lentamente, seus olhos brilhando com fogo, uma fome selvagem, seria o fim para aquelas pessoas? A família estava paralisada pelo medo, incapaz de entender o que estava acontecendo. O lobisomem se aproximou do carro, suas garras arranhando o capô, fazendo um som horrível que ecoou na noite silenciosa.

O homem, tremendo, tentou dar a ré, mas o carro engasgou, pulou e morreu. Henrique, agora com seus olhos fixos nas crianças, que choravam de medo, se preparava para atacar. Entretanto, há mais mistérios entre o céu e a terra do que podemos explicar e no fundo de sua mente bestial, algo da antiga humanidade de Henrique ainda resistia a sede da besta. Lembranças de sua própria infância, de sua família e de sua vida como um simples fazendeiro começaram tomar conta da sua mente.

Com um esforço tremendo, Henrique tentou se controlar. Lutando contra os instintos predatórios, ele soltou um rugido ensurdecedor e deu um salto para trás. A família aproveitou a oportunidade, o homem ligou o carro novamente e acelerou, desaparecendo rapidamente na estrada.

Exausto e confuso, Henrique, ainda em sua forma de lobisomem, correu de volta para a fazenda. Quando a manhã finalmente chegou, ele estava novamente em sua forma humana, coberto de suor e marcas de batalha, ferido e cheio de espinhos. Henrique sabia que não podia continuar assim, era urgente encontrar uma solução definitiva para proteger os outros de seu lado sombrio. E assim, com o primeiro raio de sol, ele decidiu buscar ajuda, determinado a encontrar uma cura ou, pelo menos, um meio de conter a fera que residia dentro dele para sempre.

Por R.C.

Esta é uma obra de ficção.

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