O sommelier de vacina já chegou em São Carlos

Vacina está em SC/Carla Cleto

Depois que noticiamos a chegada de vacinas como a Pfizer e a Janssen em São Carlos um fato curioso aconteceu e do mesmo jeito. Nesta semana recebi ligações, várias delas, de números sem identificação, do outro lado da linha pessoas perguntando onde a Prefeitura distribuiria as vacinas da Pfizer e da Janssen. Sim, meus amigos, o sommelier de vacina, aquele que quer escolhe, já está atuando por aqui.

Seguindo a recomendação da Prefeitura, não divulguei qual vacina iria para determinada unidade, apenas que a da Janssen, por ser dose única, seria aplicada na população de rua que tem uma alta rotatividade, inclusive por outros municípios.

Durante o decorrer dos dias vi muitos conhecidos meus, amigos queridos, que foram imunizados com Pfizer e também com a Coronavac. Nas perguntas que recebi, gente queria saber onde estaria dando Astrazeneca e outras, uma das pessoas queria saber porque não pretendia ter efeitos colaterais, perguntei se a mesma sofria com trombose, ela disse que não, apenas queria tomar a da Pfizer, por ser a mais usada nos EUA.

Gente, em plena pandemia, com os casos descontrolados em São Carlos e as mortes também, ainda vemos pessoas escolhendo as vacinas que querem tomar, por sorte, a Prefeitura tem agido corretamente neste caso.

Segundo estudo mensal divulgado pelo professor e médico epidemiologista da UFSCar, Bernardino Alves Souto, a pandemia continua descontrolada e não é o momento de se escolher vacina, mas sim, se chegou a sua vez, se imunizar o mais rápido possível.

Diz o professor: “O acúmulo mensal de casos da Covid-19 cresceu 35,19% entre maio e junho de 2021. O número de novos casos mensais da Covid-19 que vinha caindo desde março, tornou a subir em junho, mostrando tendência quadrimestral instável dentro de um platô elevado do número de novos casos (Figura 1).

O número de novas mortes também subiu, e em maior proporção que o número de novos casos (41,93% entre maio e junho de 2021). Alcançou, neste último mês, seu maior quantitativo mensal desde o início da pandemia.

O crescimento do número de novas mortes proporcionalmente maior que o número de novos casos aponta para o aumento da letalidade por Covid-19 no município. Este indicador vem crescendo persistentemente no último quadrimestre e, em junho foi 4,90% maior que em maio, e já é 20,66% maior que o de março, quando a epidemia estava em seu pior momento.

O professor resume a situação de São Carlos da seguinte forma:         

Em síntese, a epidemia segue sem controle, instável em elevado platô de incidência e com preocupante e progressiva degeneração dos indicadores de mortalidade e letalidade. Esta contingência sugere ausência ou ineficácia das medidas de controle para evitar a transmissão comunitária e o limitado potencial dos meios assistenciais para conterem a mortalidade populacional em ambiente de alta transmissão, desaguando no aumento do c]rescimento do risco de morte por Covid-19 entre residentes no município. Nesse sentido, é urgente a necessidade de ajustes no modelo de combate a este agravo adotado até então, mediante intensificação e qualificação das medidas já implantadas, juntamente com a aplicação de outras ações que contribuam para melhor controlar a epidemia.

Entre os motivos já apresentados para justificar a proposta de mudanças no modelo atual de combate à Covid-19, é possível acrescentar a sobrecarga que a falta de controle sobre a epidemia impõe ao sistema de saúde,5,6 o acúmulo de mortos e portadores de complicações de médio e longo prazo, e o potencial de prejudicar a eficiência da vacinação em oportunizar um declínio satisfatório da curva epidêmica.6,7 Além disto, este descontrole poderá contribuir para a mutagenicidade do vírus, com consequências que poderão dificultar ainda mais a contenção da própria epidemia.7

De todo modo, independente do que for feito, haverá um momento em que a epidemia se arrefecerá. Porém, deixá-la correr naturalmente vai demandar muito tempo e poderá resultar em perdas humanas, sociais e econômicas indesejáveis. Não obstante, isto pode ser evitado ou minimizado por intervenções adequadas.

Portanto, vacina-se e continue com as medidas de prevenção. Só assim, nos livraremos da COVID  com maior     rapidez.