Projeto da UFSCar abordou a saúde da mulher em ação com 140 professores de escolas de São Carlos e região

Um projeto de extensão realizado por docentes da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) levou conhecimento técnico sobre a saúde da mulher para 140 professores de 34 escolas públicas de São Carlos e região. A ação foi realizada de forma remota entre os meses de setembro e dezembro de 2020, como um projeto piloto desenvolvido com apoio da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP), e a proposta é a continuidade e ampliação da iniciativa em 2021.
O projeto “Ações Intersetoriais” foi coordenado pelo professor Humberto Hirakawa, docente do Departamento de Medicina (DMed) da UFSCar e integrante da SOGESP-Ribeirão Preto, e teve a participação de outros docentes da Instituição – Rodrigo Alves Ferreira e Carla Polido, do DMed, e Monika Wernet, do Departamento de Enfermagem. Os encontros remotos foram realizados quinzenalmente com professores dos ensinos Fundamental II e Médio de escolas públicas das cidades de São Carlos, Descalvado, Ribeirão Bonito, Dourado, Itirapina, Corumbataí e Ibaté.


De acordo com o Hirakawa, o objetivo do projeto “foi difundir conhecimentos técnicos na área da saúde da mulher por meio de um agente social de alta penetrância e modificador da realidade que é o professor. Além disso, a ideia também foi inibir a propagação de crenças e mitos não embasados em fatos, que acontece em função do despreparo para a temática observada atualmente”, descreveu o docente da UFSCar. As palestras virtuais abordaram temas variados, como: sexualidade, gravidez, funcionamento do organismo feminino, contracepção e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), com uma abordagem especial sobre mulheres em situação de vulnerabilidade. 

Ideia e contribuição
O projeto surgiu a partir de uma experiência pessoal do professor Hirakawa durante uma atividade escolar de seus filhos. “Acompanhando uma visita escolar de meus filhos pequenos a um laboratório, eu me pus a comentar os modelos anatômicos. Uma criança, cuja mãe estava grávida, pediu para eu mostrar o bonequinho dentro do útero. Ao apontar pode onde sairia, a professora comentou: ‘Ai, credo, que dor!’ Na hora pensei o quanto seria construtivo capilarizar informações em saúde bem fundamentadas entre os docentes para que pudessem compartilhá-las em sala de aula”, conta o professor da UFSCar. A partir daí, o projeto “Ações Intersetoriais propôs a realização das palestras online com conteúdo científico e linguagem mais informal para os professores como forma de complementar o repertório desses profissionais junto aos alunos.


Em entrevista à SOGESP, Cristiane Toledo, professora de Ciências de uma escola de São Carlos que participou das palestras, relatou que “em pleno século XXI, ainda perduram incontáveis tabus e mitos em torno da sexualidade da mulher por todo o país. O curso desfez preconceitos e equívocos com informação precisa e cientificamente comprovada. Todas as palestras foram espetaculares esclarecendo, inclusive, dúvidas corriqueiras, já que nenhum de nós é especialista na área”.


O docente da UFSCar valorizou a participação ativa dos professores que acompanharam as palestras e destacou o interesse deles na forma de abordar os temas juntos aos estudantes. Além disso, o docente reconhece a importância dessa vivência para os professores, que poderão “capilarizar essas informações pelas escolas, atingindo crianças, adolescentes e seus familiares, como multiplicadores do conhecimento a partir de dados embasados em informações técnicas”, afirma Hirakawa. A organização do projeto fez um levantamento de importância da iniciativa para os participantes. Ao responder um questionário, 68,4% dos professores apontaram que a ação modificará completamente a atuação profissional em sala de aula e 80,4% identificaram a atividade como essencial para a vida pessoal também.

Continuidade
O projeto foi um piloto desenvolvido na regional de Ribeirão Preto da SOGESP, com a participação dos professores da UFSCar. A Associação reconheceu a importância do alcance da iniciativa e recomendou que a proposta seja realizada nos mesmos moldes em todo o estado de São Paulo, já em 2021. “O maior destaque dessa ação foi a possibilidade de aproximar o contato entre professores de jovens e os maiores especialistas sobre os temas abordados. Um acesso que não aconteceria sem esse projeto que, inicialmente, pareceu pequeno e despretensioso e revelou-se grandioso e promissor”, concluiu Humberto Hirakawa.