Tarde quente: Câmara discute se derruba veto de Airton a projeto que proíbe pulverização aérea de agrotóxicos em São Carlos

Pulverização aérea de agrotóxicos em discussão
Pulverização aérea de agrotóxicos em discussão

Diversas entidades ambientais de São Carlos se movimentaram nas redes sociais e também com reuniões no dia de ontem pedindo que o projeto de proibição de pulverização aérea de agrotóxicos fosse mantido e o veto derrubado. A discussão sobre a manutenção e queda do veto se dará nesta tarde

A sessão da Câmara de São Carlos desta tarde de terça, 26, promete ser quente, assim como a temperatura ambiente, pois estará em discussão o veto ao projeto que proíbe pulverização aérea de agrotóxicos que foi recentemente aprovado pela plenário da Casa de Leis. O projeto que voltou para a Prefeitura regressou ao legislativo com o veto aposto pelo prefeito Airton Garcia e a mobilização de articuladores políticos do governo para a manutenção da atitude do prefeito. Fontes ouvidas pela reportagem, apontam que o veto deverá ser mantido e que somente Djalma Nery, autor da lei e a vereadora Raquel Auxiliadora devem votar pela derrubada e manutenção da aprovação.

Na tarde de hoje, funcionários da XMobots estão na Câmara Municipal. Eles se concentraram na frente do prédio Euclides da Cunha. De acordo com o apurado pela reportagem, estes trabalhadores seriam favoráveis à manutenção do veto ao projeto sobre pulverização aérea de agrotóxicos de Djalma Nery. A empresa em questão trabalha também com drones para agricultura.

Porém, o plenário da Câmara não poderá acolher todos os presentes, já que há uma limitação de lugares como mostrou o presidente da Casa, o vereador Marquinho Amaral, em vídeo que está circulando pelas redes sociais.

Diversas entidades ambientais de São Carlos se movimentaram nas redes sociais e também com reuniões no dia de ontem pedindo que o projeto de proibição de pulverização aérea de agrotóxicos fosse mantido e o veto derrubado. A discussão sobre a manutenção e queda do veto se dará nesta tarde.

Projeto vetando a pulverização aérea de agrotóxicos foi aprovado por 13 votos a 1 em plenário na Câmara de São Carlos

Após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que confirmou a validade da Lei 16.820/2019, mantendo a proibição da pulverização aérea de agrotóxicos no estado do Ceará, o vereador Djalma Nery (PSOL) tomou uma iniciativa semelhante na Câmara Municipal de São Carlos, em São Paulo, apresentando um Projeto com o objetivo de banir a pulverização de agrotóxicos por aeronaves em todo o município.

A lei estadual, validada em maio pelo STF, também conhecida como Lei Zé Maria do Tomé, tornou o Ceará o primeiro estado do Brasil a ter uma legislação específica que proíbe a pulverização aérea.

Análoga a lei cearense, a proposta do vereador tem como objetivo combater a deriva de agrotóxicos, diminuir os impactos ambientais e danos à saúde, principalmente dos moradores da zona rural, vizinhos de monoculturas em que a pulverização aérea é amplamente utilizada, inviabilizando a produção de pequenos agricultores.

Após o PL passar pelo debate em comissões e audiência pública, que contou com a participação de representantes de órgãos municipais, pesquisadores e moradores de assentamentos que foram afetados pela pulverização aérea de agrotóxicos, o Projeto de Lei Nº 513/2023 foi aprovado por 13 votos favoráveis e 1 contrário.

De acordo com Lindamira Ribeiro, moradora do Assentamento Santa Helena, a pulverização aérea de agrotóxicos causa “muita dor de cabeça nas crianças e muita gente doente no assentamento por causa do veneno que eles jogam do avião”. Dona Lindamira relata ainda que a criação de ovelhas vem sofrendo com abortos frequentes e que todas as abelhas do apiário morreram, além da constatação de vários casos de câncer em moradores do Santa Helena, cercado por latifúndios de cana-de-açúcar.

A pulverização aérea de agrotóxicos é uma das rotas de exposição mais perigosas, como explica a pesquisadora da UFSCar Priscila Zem. “A dispersão dos agrotóxicos no ar é levada pelo vento e acaba chegando no solo, na água e principalmente absorvido pelas plantas de toda a região próxima a aplicação”. A pesquisadora afirma que a morte de abelhas nativas está diretamente ligada à pulverização aérea de agrotóxicos.

O vereador Djalma Nery, autor do projeto de lei, explica que “é possível produzir de uma outra forma, suficientemente para alimentar a população e com qualidade. Para isso, é preciso viabilizar a agroecologia e a transição agroecológica, mas a pulverização aérea inviabiliza esse tipo de produção”, afirma.

Fonte do texto do projeto aprovado: Da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida

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