Sexta-Feira 13: Confira as lendas urbanas de São Carlos

Nesta Sexta-Feira 13, o São Carlos em Rede toma a liberdade de reproduzir o texto da Primeira Jornada Internacional Geminis que conta algumas lendas urbanas da cidade:

Toda cidade é um organismo pulsante. Entre ela, há algo vivenciado ou imaginado por milhares (às vezes, milhões), correndo de boca em boca, de geração em geração: estas são as lendas. Usadas para entreter, assustar ou para criar em nós um sentimento de pertencimento, elas sobrevivem por séculos. A JIG 2014 separou algumas que fazem parte da cultura são-carlense e região.

Corpo Seco

No cruzamento da Rua Totó Leite com a Avenida Comendador Alfredo Maffei existia um local que era conhecido como “Matagal de Santo Antônio”. Este nome não veio por acaso: a nomenclatura surgiu devido aos pedidos de proteção realizados ao santo, pois toda vez que alguém passava por ali, era cercado pelo “Corpo Seco”. Segundo os mais idosos, o “Corpo Seco” era algo entre “um fantasma e uma caveira” ( ou um zumbi, se preferir) que impedia as pessoas de atravessar este lugar. Ainda hoje há quem faça sinal da cruz ao atravessar o local e, há décadas atrás, curiosamente, alguns cidadãos alegavam que existia uma chácara no cruzamento que levava o número 666. Confira o local!

A mulher que dançou com o Diabo

As lendas em São Carlos tem locações exatas: no cruzamento entre rua Major José Inácio e a Ruy Barbosa, havia uma casa de uma bela moça (filha do Major Simão) que adorava dançar. Certa vez, em uma sexta-feira santa, ela resolveu fazer um baile de carnaval. Seus pais foram contra: fazer uma festa em um dia tão simbólico era um pecado. Ela os afrontou, chamou a cidade toda e às nove horas, a casa estava repleta de convidados.

Um destes convidados se destacou aos olhos da anfitriã: elegante, belo, trajando um chapéu e um par de esporas. Depois de passar a noite cortejando a filha do Major, ambos começaram a dançar e também a incomodar muito os pais da garota. Em certo momento, depois de muitos olhares contrários, ele resolveu se despedir da garota com um educado gesto, mas demonstrou uma coisa terrível: ao levantar seu chapéu, todos viram que ele tinha dois chifres. Em um rompante, ele desapareceu dali e o pânico foi instaurado: gritos, pânico e tumulto. Dizem que a moça enlouqueceu e nunca mais voltou ao normal.

Curiosamente o causo virou uma música composta por um dos maiores compositores da música caipira, o Teddy Vieira (autor de “João-de-Barro”e “O Menino da Porteira”, entre outras dezenas) e interpretada pela dupla de Itajobi (SP), Vieira e Vieirinha. A canção está presente no lado A do EP de 78 rpm, lançado pela dupla em 1953.

Maria Algodão

A Maria Algadão é a versão são-carlense das conhecidas “loiras do bainheiro”. Para quem não conhece, trata-se do espírito de uma mulher que se esconde no banheiro e que rouba a alma de quem ousasse usar o banheiro em uma sexta-feira 13. No passado, havia vários alunos e professores que ficava sem ir ao banheiro das escolas com medo desta lenda urbana.

Bonde fantasma

Nos idos dos anos 40, quando existia o transporte de bondes, havia uma linha que ligava o centro até o cemitério Nossa Senhora do Carmo. Um dia, na última viagem do dia, o ponto estava curiosamente lotado de pessoas bem-vestidas, fato que deixou o maquinista e o cobrador surpresos. Na primeira descida que o bonde adentrou, os passageiros misteriosamente se transformaram em fumaça e desapareceram. Para muitos, eles eram fantasmas do cemitério.

Rolling Stones bem perto de Sanca

O ano de 1969 foi truculento: guerra do Vietnã intensificada, AI-5 instaurado no Brasil e para os Rolling Stones também não era muito diferente. Naquele ano, a banda passaria pelo show desastroso no Altamont Festival (festival de música em que resultou em mortos e feridos) e a morte do inventivo membro do grupo, o Brian Jones. Mas antes de enfrentar tudo isso, para fugir dos impostos intensos da Inglaterra e afastar-se da imprensa inglesa, o grupo veio passar uma temporada no Brasil a passeio.

Depois de passar a virada do ano no Rio de Janeiro, a dupla Mick Jagger e Keith Richards (e suas respetivas companheiras, Marianne Faithfull e Anita Pallenberg), aceitaram o convite do banqueiro Walther Moreira Salles para instalar-se na Fazenda Boa Vista em uma cidade localizada há 75km de São Carlos, chamada Matão (SP).

Durante os 10 dias que os casais ficaram hospedados, eles foram ao centro para fazer compras, organizaram festas inúmeras com músicos locais e trouxeram na bagagem inúmeras cervejas em latas ( artigo inexistente no país, até então). Mick ficou encantado com a umbanda e foi atrás de fitas com cânticos e terreiros em Matão e Araraquara (SP). Inspirada na viola caipira e no clima “country” encontrado naquele local, a dupla compôs a música “Honky Tonk Women”. Assim que a imprensa descobriu a estadia de parte do grupo, o bando partiu da cidade e seguiu caminho para o Peru.

Referência: Contos Populares: Portugal, Brasil e São Carlos – Autor: Irene Zanette De Castaneda Editora: EDUFSCAR

Valorizando a tradição popular dos contos, este livro, ao definir os valores de uma vida regional, extrapola, mostra a criatura humana em sua universalidade. Como forma de valorizar as culturas indígena, afro-brasileira, italiana e são-carlense, os contos são reproduzidos e analisados, traduzindo valores éticos, morais e religiosos que compõem a diversidade da sociedade brasileira.

A sexta-feira 13

A sexta-feira no dia 13 de qualquer mês é considerada popularmente como um dia de azar. O número 13 é considerado de má sorte. Na numerologia o número 12 é considerado de algo completo, como por exemplo: 12 meses no ano, 12 tribos de Israel, 12 apóstolos de Jesus ou 12 constelações do Zodíaco. Já o 13 é considerado um número irregular, sinal de infortúnio.

A sexta-feira foi o dia em que Jesus foi crucificado e também é considerado um dia de azar. Somando o dia da semana de azar (sexta) com o número de azar (13) tem-se pela tradição, o mais azarado dos dias.