O fato que não é novidade em São Carlos é que não elegemos, mais uma vez, nenhum deputado, quer seja federal ou estadual porque não temos uma liderança e nem articulações políticas que nos levem à uma vitória. São Carlos deixou de ter nomes expressivos para conseguir votos e galgar lugares nas câmaras federal e estadual.
O candidato a federal com mais votos de São Carlos foi ex-secretário de Saúde, Marcos Palermo, que marcou 7.103 votos. Para uma primeira tentativa pode-se dizer que o resultado ficou além da expectativa, mas é pouco para se eleger. A vitória de Palermo e do MDB de São Carlos foi apenas municipal, o candidato apoiado pelo vice-prefeito Edson Ferraz mostrou sua força na eterna disputa de poder entre os grupos que compõem o governo Airton Garcia. Ferraz saiu fortalecido.
Por outro lado, no mesmo MDB, o presidente da Câmara, Roselei Françoso ficou com 10.533 votos, não conseguiu a cadeira para estadual, mas marcou seu nome na disputa da cidade para ser, por exemplo, candidato a vice em uma chapa com outro peso-pesado.
Os mais bem votados a estadual que são de São Carlos foram Julio César com 29.909 votos e Djalma Nery com 21.380 votos, ambos do PL e PSOL, respectivamente. O que isso tem a dizer? Alguma coisa, Julio já é veterano em campanhas para estadual, exerceu por algum tempo o mandato, mas parece que fica sempre neste mesmo patamar, Djalma é nome que desponta, porém a densidade eleitoral ainda não o permitiu a cadeira na assembleia, mas certamente tentará em outra oportunidade. Outros nomes de menos destaque concorreram, porém sem sucesso.
Reputo que em São Carlos os únicos hoje com densidade eleitoral para mandatos nas câmaras mais altas são Newton Lima e Lobbe Neto. Newton foi prefeito duas vezes e deputado federal e mesmo assim perdeu um reeleição. Lobbe foi estadual e federal e é reconhecido em todo o Estado.
Entretanto, os dois não concorreram e isso denota que São Carlos tem velhas lideranças na política que ainda são capazes de se reeleger para o Congresso e Assembleia, todavia elas não estão dispostas a concorrer e a renovação por aqui não tem acontecido. Falta articulação, projetos populares, independente do espectro político, e união entre legendas para traçar um plano e assim colocar algum nome de expressão de um determinado campo político na disputa e na cabeça pela vitória.
Por enquanto, São Carlos continuará inexpressiva na política estadual e federal, justamente porque em sua base há uma Torre de Babel sem fim, onde ninguém se entende e outros preferem trabalhar para forasteiros que depois viram às costas para a cidade.
Se não compreendermos qual o tipo de projeto regional que está em jogo, a cidade de São Carlos continuará dependendo de alienígenas que vez ou outra fazem alguma visita por aqui. O problema é de método e ninguém ainda percebeu isso.
Renato Chimirri