Tem dias que a gente cansa

Tem dias que a gente acorda e já sente o peso. Nem bem abriu os olhos e o corpo já reclama do mundo. Não é dor física, é aquele cansaço que se aloja na alma, que aperta o peito e deixa o dia mais cinza, mesmo com o céu azul.

Tem dias que a gente só quer entender o porquê. Por que tanta luta, tanto tropeço, tanta pergunta sem resposta? Por que as contas não fecham, os sonhos não andam, as pessoas não enxergam o que a gente sente?

Tem dias em que o silêncio grita. A gente se afoga nos próprios pensamentos, sufocado pelas obrigações, pelas expectativas, pelas ausências. E até o café parece ter gosto de obrigação. A rotina vira um ciclo automático e sem poesia.

Tem dias que a gente sente falta… de algo que nem sabe explicar. Talvez de um abraço apertado, de uma conversa sincera, de um pouco de leveza no meio do caos. Falta um colo que entenda sem julgar, uma pausa no tempo, um olhar que diga: “Vai passar.”

Porque tem dias que a gente só precisa de um tempo. De deixar as lágrimas caírem sem culpa, de sentar em silêncio sem precisar dar satisfação. De aceitar que não dá pra ser forte o tempo todo, que não dá pra sorrir sempre, que tudo bem se hoje for só um dia comum.

Tem dias que a gente cansa, sim. Mas é nesse cansaço que, às vezes, mora a coragem. Porque, apesar de tudo, a gente continua. Um passo de cada vez. Um suspiro depois do outro. Com o coração machucado, mas batendo. Com fé pequena, mas viva.

E aí, sem aviso, vem o dia em que o sol entra pela janela e, de alguma forma, tudo parece mais possível. A gente se levanta, respira fundo e recomeça. Não porque tudo mudou, mas porque a gente não desistiu.

E isso já é muito.