Confesso que há algum tempo fico com um pouco de preguiça, embora não devesse, de acompanhar as sessões do legislativo municipal porque vejo que o nível do debate anda fraco. Os grandes oradores que marcaram os anos 70, 80 e 90 sumiram da Câmara e não apenas na de São Carlos, mas em outras também.
Hoje, vemos debates infrutíferos como o tal do “kit covid”, algo ineficaz e que a imprensa e especialistas médicos já demonstraram que não funciona tomar conta de discussões. Sobre isso, fica apenas a pergunta: se esse negócio funcionasse, o Brasil teria mais de 4 mil mortos por essa terrível doença em 24h? Teríamos casos de pessoas precisando de transplante por ingerir em demasia esses medicamentos? Acho que os vereadores deveriam colocar a mão na cabeça e pararem com essas bobagens, pois é dinheiro público que vem sendo usado nas sessões da Câmara. Que tal perguntar por onde andam os kits para intubação? Por que os vereadores não perguntam se a Prefeitura já reservou um percentual do orçamento municipal para a compra de vacinas? Só para fazer um paralelo, São José dos Campos guardou R$ 30 milhões para isso. E os nossos vereadores? Por que não perguntam sobre este assunto? Por que perdem tempo com discussões sem sentido?
Aqui quero dizer algo que me deixou assustado no dia de ontem. Vi a vereadora, a Professora Neusa, fazer um discurso aos berros na sessão virtual, um negócio realmente bem estranho, esquisito, que se fosse no plenário, até se justificaria um pouco o exaltar da voz, mas não naquele nível.
Se gritar resolvesse alguma coisa, todo o vereador gritão (e foram muitos que passaram pela Câmara) estariam sempre reeleitos, mas barulho demais e pouca ação invariavelmente não terminam em bom trabalho. Quando vi a parlamentar com aquele entusiasmo fiquei pensando como andariam as orelhas dos seus colegas de Câmara nos fones da vida ouvindo-a aos berros.
Gritar nesse nível não resolve. Há uma diferença crassa entre um discurso marcante e uma gritaria sem sentido e esta senhora precisa entender isso rapidamente, pois ainda está em seu primeiro mandato. Será que ela não imaginou que um eleitor que a ouvisse desse jeito poderia achar algo estranho?
Eu não estou aqui para ensinar ninguém a atuar no plenário, mesmo que seja virtual, do legislativo, porém tenho mais de 25 anos acompanhando câmaras municipais e achei essa gritaria um negócio profundamente lamentável.
Aproveito aqui para cobrar mais oposição dos vereadores à esquerda, parabenizo o Djalma Nery pelo dossiê sobre cloroquina, mas peço que eles sejam mais intensos na oposição.
Aos vereadores alinhados com o governo do Estado gostaria de falar que não há apenas o cemitério municipal para cobranças (até de caixão já saíram!). Onde estão as verbas para combate às enchentes? Onde está a luta dos tucanos para que São Carlos seja incluída em projetos pilotos do Estado para combater à COVID? Araraquara, que é administrada pelo PT, dá um banho no executivo e no legislativo neste particular.
Há tempos não falo da Câmara em minhas tribunas, mas sinceramente, se eu começar a falar disso todos os dias vou ter que campear algum assunto interessante.
Talvez, o vereador Roselei, digno presidente, seja um ponto fora da curva, pois demonstra bom senso e ponderação, só esperamos que ele por ser de partido governista não perca sua independência legislativa.
Para encerrar, vereadora Neusa: não precisa gritar desse jeito.
A senhora não me conhece, mas eu já sou velho nisso. Pergunte para os mais antigos da Casa de Leis e eles lhes falarão ao meu respeito. Não sou surdo.
Renato Chimirri